quinta-feira, 21 de abril de 2011

A Santa Páscoa e seus Símbolos

SEMANA SANTA - SANTA PÁSCOA

Não havemos de cair na vala comum e iniciar mais uma discussão sobre a deturpação comercialista da Santa Páscoa. Temos conhecimento de que os nossos amigos e leitores já são suficientemente esclarecidos sobre os absurdos que se cometem neste período tão importante em nome de alguns trocados.

Por outro lado, nunca é demais deixar patente, sem qualquer dúvida, para fins de catequese de crianças e de recém-convertidos a importância que a Santa Páscoa representa para a vida do católico.

No tempo em que Nosso Senhor Jesus Cristo veio ao mundo, os judeus celebravam a festa a Páscoa – Pessach em hebreu (que significa passagem – para os judeus/da escravidão para a liberdade) – ; fato que obrigava a peregrinação até ao Templo de Jerusalém para a realização dos sacrifícios prescritos por Deus para a expiação dos pecados. Importa ressaltar que exatamente nesse período se realizaram as profecias do Antigo Testamento acerca do Cristo prometido por Deus, na pessoa de Jesus de Nazaré, segunda pessoa da Santíssima Trindade, nascido da Santíssima Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa, sob a proteção e paternidade terrena de São José, esposo de Santa Maria.

Nesse contexto, se faz igualmente importante apontar com clareza a sucessão dos acontecimentos no tempo e sua relação com tais profecias para favorecer o entendimento e uma maior conversão. Informa-se, portanto, que a contagem dos dias e dos meses no calendário dos judeus seguem os ciclos da lua e não do sol, como em nosso calendário.

dia judaico

Assim sendo, é preciso que se saiba que tudo seguia um rito bastante estrito e muito bem definido na Lei Mosaica. No dia 10 do mês de Nisan (Março-Abril), as famílias judaicas providenciavam um cordeiro para o sacrifício; já na noite do dia 13 para 14 deste mesmo mês as famílias limpavam as casas de todo o pão com fermento, para que no dia seguinte, exatamente ao meio-dia, começassem com a preparação da Páscoa, cessando todo o trabalho secular.

clip_image002

Nesse dia 14, entre as 14,30h e as 17,00 h, os homens entravam no pátio do Templo com o cordeiro do sacrifício. A oferenda constituia-se de cordeiros ou cabritos, machos, de um ano de idade (as primícias, os mais robustos e perfeitos de cada casa), e abatidos pelo Pai da Família (era permitido um cordeiro por família) em qualquer lugar no pátio do Templo.

Uma vez imolados, os sacerdotes recolhiam o sangue em recipientes de prata e ouro, que passavam de um para outro até o mais próximo ao altar, de tal sorte que se derramava o sangue na base desse. As gorduras e entranhas do cordeiro eram queimadas no altar dos holocaustos, enquanto os levitas, cantavam Salmos (Salmos 113 a 118). O homem que trouxera o cordeiro levava-o nos ombros para casa, para o assar e comer em um jantar que começava com o aparecimento da primeira estrela daquela noite.

No dia 15 era iniciada a Páscoa propriamente dita e nessa noite começava a festa dos Ázimos com um descanso (que terminava no dia seguinte à noite) e a oferta própria ao Templo. A festa dos Ázimos tinha o seu fim a 21 de Nisã à noite, que também era um dia de repouso.

Desse modo, os ritos da pascoa começavam por se recostar à mesa, beberem uma 1ª taça de vinho. Nessa ocasião, o Pai de Família abençoava o vinho. Em seguida, trazia-se os legumes, colocava-se o cordeiro na mesa e bebia-se a 2ª taça de vinho. O filho mais novo então perguntava ao pai "Porque é que esta noite é diferente das outras?", que por sua vez explicava: "É em memória do que o Senhor fez por nós, quando saímos do Egíto". Seguia-se o cântico de Salmos (Sl 113-114) e uma 3ª taça de vinho era servida aos convivas. Por fim, era feita uma ação de graças pelo Pai de Família seguida de mais uma 4ª taça de vinho e em seguida últimos Salmos (Salmos 115-118). Note-se, portanto, a prefiguração da Sagrada Eucaristía.

Nosso Senhor Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus, foi condenado e morto (imolado) na véspera de sábado, no dia da preparação, ou seja, 14 de Nisan (Jo 19,31) e São Marcos disse que foi à "hora nona", ou seja, na exata e mesmíssima hora em que os cordeiros da Páscoa eram imolados em grande quantidade no Templo de Jerusalém. São João Baptista declara abertamente que Nosso Senhor é "O Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo" (Jo1,29). Os salmos todos e diversas profecias anunciam estas coisas.

Os judeus incrédulos que não aceitam a Nosso Senhor Jesus Cristo, ainda celebram apenas uma libertação secular, daí o porquê do período e da forma de ambas as festas serem bastante semelhantes no que toca o simbolismo (até porque se trata de um testemunho profético), mas mínimamente no que diz respeito ao conteúdo. Com efeito, a Santa Páscoa para nós católicos é a celebração de uma redenção completa, do pecado, para a pureza, da morte, para a vida!

Com a destruição do Segundo Templo de Jerusalém, os judeus que permaneceram no judaísmo perderam a possibilidade do local de sacrifício o que tornou inviável a continuação dos sacríficios de cordeiros, razão pela qual estes celebram a sua páscoa sem a imolação de cordeiros.

Curiosamente, este é um fato bastante relevante para nós católicos, pois atesta a perfeição do sacrifício feito por Nosso Senhor; e mais ainda a renovação do sacrifício da Santa Missa, no qual o sacrifício de Cristo é renovado de forma incruenta, e assim o será até o fim dos dias, pela Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Significativamente, tanto a páscoa judaica, quanto as celebrações protestantes, e mais disfarçadamente a apostasia silenciosa do Concílio Vaticano II, transformaram a Santa Páscoa em um momento de meras lembranças, sem qualquer sacrifício pascal, afastando-se, portanto, voluntariamente da remissão dos pecados.

Nesses termos, eis que temos o cordeiro como o primeiro e mais importante símbolo da Santa Páscoa, representando sua imagem o próprio Cristo em sua qualidade de redentor da humanidade.


lambofgod
Eis o Cristo! O Cordeiro de Deus que retira os pecados do mundo!

ovos de páscoaNão obstante, o simbolismo da Santa Páscoa é numeroso e não se restringe à imagem do Cordeiro. Os ovos, por exemplo, longe de ser um costume pagão como alguns ignorantes gostam de dizer para tentar difamar a Santa Igreja, são na verdade a continuidade da tradição dos judeus e simbolizam a vida e a própria redenção. Eis que Nosso Senhor Jesus Cristo nos liberta e permite que possamos nascer para a vida eterna.

Na antiga Europa costumava-se escrever mensagens e datas nos ovos e doá-los aos amigos. Em alguns lugares, como na Alemanha, por exemplo, o costume era presentear somente as crianças. Na Armênia decorava-se ovos ocos com figuras de Jesus, Nossa Senhora e outras imagens de Santos. Pintar ovos com cores da primavera para celebrar a páscoa foi um costume adotado, ao que tudo indica, no século XVIII. Nesse tempo, a Igreja doava aos fiéis ovos bentos. A origem dos ovos de chocolate ao que tudo indica é realmente já um apelo comercial da modernidade, entretanto há notícia de que pode ter sido um costume originário de uma maior penitência no que diz respeito ao consumo de carnes. Evidentemente, como tudo o que é destes tempos de apostasia, vender ovos de chocolate é mais lucrativo… logo, eis o resultado. No Brasil, apesar dos pesares, algumas famílias de católicos ainda preservam uma agradável tradição com as crianças: a de esconder os ovos de páscoa pela casa para que as mesmas brinquem de procurá-los.

coelhoUm outro símbolo famoso e vilipendiado em seu sentido religioso é o coelho. O coelho é um pequeno mamífero cuja fecundidade talvez seja seu aspecto mais conhecido. Com efeito, uma coelha pode chegar a gerar mais de 50 filhotes por ano. Assim, eis que o coelho representa com sua imagem a Santa Madre Igreja, que tem como uma de suas funções gerar, reunir e cuidar da maior quantidade de filhos e filhas que puder para Deus.

Na ceia pascal das famílias católicas era costume servir cordeiro, mas a presença do coelho pode ter ganhado maior destaque diante da maior ou menor escasses ou abundancia de um ou de outro conforme a região ou pátria. Enfim, em termos de Brasil contemporâneo são carnes raras e de alto custo, sem mencionar o próprio esquecimento das tradições.
Outro símbolo da ceia das famílias católicas é a colomba pascal. Trata-se de um bolo em forma de "pomba" cujo significado inconfundível é representar o Divíno Espírito Santo. Diz-se que a tradição haveria surgido na vila de Pavia (norte da Itália), onde um confeiteiro teria presenteado um rei lombardo (Albuíno) com o delicioso bolo em forma de pomba. O soberano, por sua vez, teria poupado a cidade de uma cruel invasão graças ao bondoso gesto (não da satisfação do apetite, obviamente). O fato é que, à maneira dos ovos de páscoa, a colomba também se “achocolatou”, fato este que não lhe retira o simbolismo, igualmente ao exemplo dos ovos.

colombapascal
Uma colomba pascal tradicional

Afora estes simbolismo próprio da ceia é ou foi costume decorar as residências com pequenos sininhos, geralmente decorados com cores e temas pascais, além de algumas velas, espigas de trigo e em alguns locais algumas flores de girassóis. O significado geral é o anúncio de uma festividade, de grande alegria. No domingo da Santa Páscoa, os sinos das igrejas devem dobrar festivamente, anunciando com alegria a celebração da ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo e a nossa redenção. As velas representam a luz de Cristo representada nas igrejas pelo Círio Pascal. Nosso Senhor Jesus Cristo disse que Ele é a luz do mundo e que quem o seguir não andará em trevas. Na noite anterior ao Domíngo de Páscoa, o Sábado Santo, uma grande vela denominada Círio Pascal é acessa. Nesse Círio estão cravados cinco pregos representativos das cinco chagas de Cristo, as letras gregas Alfa e Ômega (respectivamente primeira e última do alfabeto grego), simbolizando Deus mesmo como princípio e fim de todas as coisas, e o ano em que foi aceso e celebrada a Santa Páscoa.

Cristo é a luz do mundo!

E, na medida em que o Círio representa a Luz de Cristo, o girassol por sua vez representa o católico. O girassol é uma bela flor de cor amarela, formada por muitas pétalas, e de tamanho realmente muito grande. Como é óbvio, recebeu esse nome porque está sempre se voltando para o sol. O girassol representa a busca da luz que é o próprio Cristo Jesus e, assim, tal qual ele busca o astrorei, o católico busca a Cristo, luz do mundo; Caminho, Verdade e Vida.

Dito isso, podemos verificar verdadeiramente que Jesus de Nazaré é de fato o Cristo prometido e que a celebração da Santa Páscoa conserva um simbolismo próprio e condizente com esta realidade. Que Deus nos favoreça a todos com Sua imensa misericórdia. Tenhamos todos, se Deus quiser, mais uma Santa Páscoa. Vinde sem demora Senhor Jesus!

VIVA CRISTO REI! SALVE MARIA!
Fonte:

Nenhum comentário:

Postar um comentário